segunda-feira, 31 de maio de 2010

Conhecer Amarante: Monumentos

Amarante não é cidade de uma só leitura. Olha-se Amarante - isto é particularmente verdade a certas horas do dia - e tem-se uma impressão muito nítida de que é o religioso que infunde carácter à cidade. Talvez a dimensão que ganha, no conjunto urbano, o monumental convento de São Gonçalo. Talvez a proximidade do rio e da serra, habitat das divindades de homens de outras eras. Talvez as duas coisas juntas. Seja o que for, a ideia que se colhe é mesmo essa: estamos num lugar que se define pelo religioso. A história não desmente esta impressão, antes a confirma.

É usual afirmar-se que a cidade de Amarante assenta a sua malha em território de três freguesias: Amarante - S. Gonçalo, Cepelos e Madalena. Actualmente, porém, é difícil definir com rigor os limites da sua área, já que o crescimento urbano determinou a ocupação de solo muito para além das fronteiras tidas por tradicionais.

O que não mudou, na urbe, foi o seu Centro Histórico, recheado de património arquitectónico, onde se incluem os emblemáticos mosteiro e ponte de S. Gonçalo. Emblemáticas são também algumas das ruas do interior do Centro Histórico, como é o caso da 31 de Janeiro (Covelo), 5 de Outubro ou do Seixedo. Amarante é cidade desde 8 de Julho de 1985, rondando a sua população os 12 mil habitantes.



Estilo Românico

As terras portuguesas entre Douro e Minho tiveram um papel decisivo em realizar o seu próprio românico que vinha de Compostela por meio de Tui, diocese que teve domínios no Alto Minho e proporcionou esse estilo compostelano para convertê-lo em algo próprio e autóctone e muitas vezes independente dos culturismos artísticos santiagueses. Mas dentro da grande área geográfica Minho-Douro, encontramos pequenas áreas delimitadas por montes e rios como são o Marão e o Tâmega em terras de Amarante. Aqui encontramos linhas novas, de um românico diferenciado das formas originárias, produto do meio e dos construtores locais.

Cumpre sublinhar que Amarante não era uma povoação desconexada ou marginalizada para ser receptora do próprio formato compostelano, antes pelo contrário. Por ela passavam as grandes vias romanas que partiam de Lugo e Astorga para o Porto e Coimbra, passando por Braga e Guimarães.


Em Amarante podemos localizar duas áreas do românico muito bem definidas em cada uma das margens do Tâmega. A da direita encontrámo-la arqueologicamente mais rica: Travanca, Mancelos, Real, Telões, Freixo de Baixo e Gatão, onde encontramos um românico de linhas universais com certos matizes, produtos do próprio meio. Essa pequena carga de formas rurais da época enriquece o conteúdo conjuntural destas igrejas.

Na margem esquerda do Tâmega encontramos um românico com certa pobreza e rasgos simplistas como é o caso de Lufrei, estruturado num formato que nos diz estar reduzido a pobres recursos, tanto económicos como materiais. Inclusive nos confunde com planificações espaciais pré-românicos ou de cenóbios de influência mozárabe, como no caso de Gondar.

São da Idade Média as construções mais significativas edificadas em zonas rurais: as igrejas românicas de Gondar, Lufrei, Freixo de Baixo, do Mosteiro de Travanca, de Jazente, de Gatão..., constituindo o que de melhor aquele estilo arquitectónico legou à Península Ibérica.

Se algum estilo arquitectónico domina na região de Amarante, esse é certamente o Românico. Na verdade, existe uma rede importante de monumentos românicos espalhados pela região, atestando a importância desta e a passagem por ela dos célebres caminhos de Santiago. Era em lugares desertos ou em encruzilhadas na periferia de zonas habitadas que se erguiam, servindo de lugares de reunião, acolhimento e deseja. Alguns tiveram uma vida efémera, não resistindo à passagem dos anos. Outros porém resistiram, fixando comunidades regulares de ordens monásticas.

O Românico é um estilo muito "marcado", que reflecte o meio onde se edifica e a arte dos operários que lhe dão corpo. Em região granítica como esta, abunda a matéria-prima para este estilo robusto e sóbrio.

Pela qualidade e quantidade de monumentos, vale a pena fazer o itinerário do Românico e admirar pórticos, arcos, tímpanos e capitéis com a sua ornamentação «pedagógica»: como o homem medieval não sabia geralmente ler, «lia» naquelas ornamentações passos edificantes, cenas bíblicas, etc, «explicadas» através de uma simbologia baseada no mundo rural envolvente. Podem distinguir-se, na região de Amarante dois núcleos de Românico bem diferenciados, um em cada margem do rio. Na margem direita, temos construções mais exuberantes, de que são bons exemplos o mosteiro de Travanca, a igreja de Mancelos, a igreja de Real, a igreja de Telões, o mosteiro de Freixo de Baixo e a igreja de Gatão. Na margem esquerda, com menos recursos económicos e de matéria-prima, os monumentos são mais modestos merecendo ainda assim visita a igreja de Jazente, a igreja de Lufrei e o mosteiro de Gondar.

Note-se que os vestígios da Idade Média não se esgotam nas igrejas e mosteiros. Existem bons exemplares de arquitectura civil, sepulturas e imaginária. Note-se finalmente que os concelhos vizinhos de Amarante, ribeirinhos do Tâmega e do Sousa, são também muito ricos em Românico, constituindo na sua globalidade um conjunto de enorme importância para o estudo desse estilo em Portugal.

Na cidade pode dizer-se que o edifício que sobressai é o Mosteiro de S. Gonçalo, cuja Igreja é visita indispensável para qualquer peregrino ou turista. Mas, a verdade é que o Centro Histórico reúne um conjunto notável de edifícios e monumentos, de que se destacam as Igrejas de S. Pedro e S. Domingos.




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